
Participámos recentemente na quarta edição do congresso “Mais Social”, que decorreu no Museu da Imprensa, em Câmara de Lobos. A iniciativa reuniu várias organizações da economia social, entre elas instituições ligadas à ação local, entidades religiosas, fundações e empresas com responsabilidade na área. Fomos acompanhando as sessões com atenção, não apenas como ouvintes, mas como parte ativa de uma rede que tenta responder, todos os dias, a necessidades muito concretas.
Quando se falou de integração social, reconhecemo-nos na prática. Trabalhamos diariamente com mais de cinquenta IPSS na Madeira. São elas que chegam às famílias, e somos nós que asseguramos que o apoio alimentar não falha. O congresso permitiu rever esta realidade através de outras experiências e perceber onde podemos reforçar a articulação com quem tem missões próximas da nossa.
No tema da sustentabilidade, revimos a urgência de evitar desperdício. Para nós, não é um conceito abstrato: é recolher, armazenar e distribuir alimentos que, de outra forma, seriam descartados. A responsabilidade social apareceu ligada ao envolvimento das empresas e de mecenas. Sem esse compromisso, não conseguimos manter o impacto que hoje temos, nem ganhar fôlego para novas respostas.
A sessão sobre inovação social provocou talvez a reflexão mais incômoda, mas necessária. Sentimo-nos muitas vezes afastados dos processos de modernização tecnológica. A digitalização, a automação, a literacia digital, a inteligência artificial e outras ferramentas continuam a chegar tarde ao setor social. Ainda assim, vimos exemplos que nos fizeram pensar em formas de otimizar os poucos recursos humanos e materiais com que trabalhamos.
Quando se abordou o bem-estar na economia social, não conseguimos dissociar a ideia daquilo que vemos no terreno. Falar de bem-estar quando falta comida em casa é difícil. A nossa missão passa por garantir o básico, mas também por criar condições para que as pessoas ganhem autonomia. Os projetos que desenvolvemos com instituições parceiras — desde ações de sensibilização a oficinas e materiais pedagógicos — foram ganhando espaço nessa reflexão.
Ao longo dos dois dias, passaram pelo congresso figuras ligadas à Igreja, à inovação, à formação, à economia e à gestão de organizações sociais. Cada um trouxe uma perspetiva diferente e contribuiu para que o encontro não ficasse pelo discurso.
Nós, no Banco Alimentar da Madeira, saímos com a sensação de que estas iniciativas são mais do que encontros pontuais. São momentos que nos obrigam a repensar o que fazemos e como podemos fazê-lo melhor, em colaboração com quem partilha a mesma responsabilidade social. Continuaremos disponíveis para participar, aprender e contribuir nas próximas edições.
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